Empresas da Província de Maputo podem apostar em mecanismos alternativos de financiamento via BVM

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O Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), Salim Cripton Valá, defendeu, recentemente, na Cidade da Matola, que faz todo o sentido as empresas da província de Maputo apostarem em mecanismos alternativos de financiamento via BVM, por serem mais baratos, dispersarem o risco e contribuírem para melhorar a governação corporativa.

Neste sentido, Salim Valá apontou o Mercado de Capitais e a Bolsa de Valores como soluções fiáveis e capazes de responder aos desafios de liquidez que parte significativa das empresas que operam no mercado nacional enfrenta.

O Presidente do Conselho de Administração da BVM lançou o repto durante a Conferência Empresarial da Província de Maputo, na qual foi convidado a abordar as “Oportunidades de financiamento para as empresas da província de Maputo”.

“O sector bancário é aquele que, sob o ponto de vista formal, tem estado a conceder mais crédito à economia. Muitos empresários ainda não recorrem ao Mercado de Capitais nem à Bolsa de Valores para se financiar. As bolsas de valores são para as empresas, empresários e investidores, portanto, temos de fortalecer o Mercado de Capitais. Porque, se o Mercado de Capitais não fica dinâmico, vibrante e mais amplo, vai afectar a sustentabilidade de todo o sistema financeiro”, disse Salim Cripton Valá.

No entanto, apesar de a BVM procurar, hoje, assumir-se como alternativa de financiamento à banca tradicional, Valá lembrou que há requisitos basilares que devem ser seguidos pelas empresas para admissão à cotação em bolsa. Nessa esteira, pontificam a boa saúde económica e financeira; contabilidade organizada e contas auditadas; bem como dispersão accionista (serem sociedades anónimas), que, no entender do PCA, não são negociáveis, pois a Bolsa não é uma instituição que “vende caixas vazias”.

A par do Mercado das Cotações Oficiais (para as grandes empresas e o Estado), a Bolsa de Valores de Moçambique dispõe do Segundo Mercado (para Pequenas e Médias Empresas – criado em 2009) e Terceiro Mercado (de incubação), criado em 2019, para as empresas que não reúnem a totalidade dos requisitos exigidos no Mercado de Cotações Oficiais e no Segundo Mercado.

O dirigente da BVM convidou os empresários do ramo de agro-negócios, turismo, transporte e logística, indústria transformadora, tecnologias e construção a usar os instrumentos financeiros disponíveis na BVM. Para o efeito, precisam de ter a empresa bem gerida, apostar na transparência, ter um projecto viável e estar no escrutínio público.  

Apesar dos sinais de retoma económica, Salim Valá lembrou que as empresas nacionais, com destaque para as Pequenas e Médias Empresas, vão continuar a ressentir-se dos problemas estruturais e dos choques externos.

“Muitos empresários e investidores, em vários cantos do mundo, quando querem investir em grandes infra-estruturas, equipamentos e novos produtos, usam o Mercado de Capitais, porque é uma perspectiva de médio e longo prazo. O preço do dinheiro é mais barato e é possível dispersar o risco desses investimentos”, sublinhou Valá.

Na ocasião, a BVM e a ACIM rubricaram um memorando de entendimento, com vista a permitir que as empresas associadas se possam cotar em bolsa, promovendo a melhoria contínua do ambiente de negócios e competitividade da economia nacional, através da provisão de informação financeira e de mercado, para o desenvolvimento sustentável do Mercado de Capitais.

A Conferência Empresarial da Província de Maputo, evento de um dia, foi co-organizada pela Federação Empresarial da Província de Maputo (ACIM) e Bolsa de Valores de Moçambique.