O Presidente da República, Filipe Nyusi, disse esta quinta-feira ser “fundamental” a retoma dos megaprojetos de gás natural face à “promissora estabilidade” em Cabo Delgado, afirmando que as decisões financeiras não podem ser argumento nesta fase.
“É fundamental isso porque não pode ser problema de decisão financeira, agora, associado à situação terrorista. Esse projeto já existia, já é antigo. Isso significa que havia clareza na sua execução. Não pode encalhar por esta razão, que se procurem outras”, criticou Filipe Nyusi, na abertura, em Maputo, da 10ª edição da Conferência e Exposição de Mineração e Energia de Moçambique (MMEC).
Em concreto, apelou aos concessionários da Área 1, liderada pela TotalEnergies, que perante a “gradual promissora estabilidade” na península de Afungi, distrito de Palma, Cabo Delgado, “acelerem o desenvolvimento da retoma dos projetos em terra”, e que na Área 4, em terra, liderado pela ExxonMobil “se acelere o processo conducente à Decisão Final de Investimento, com os devidos ajustamentos ao Plano de Desenvolvimento aprovado em 2018”.
Na mesma intervenção na conferência, o chefe de Estado afirmou que a “demora” na concretização deste tipo de projetos “provoca problemas”, porque a “expetativa dos países é enorme” e “as pessoas ficam a pensar que uma parte do seu problema pode estar resolvido”.
“Grandes esforços foram feitos pelos moçambicanos, pelas Forças de Defesa e Segurança, pelos nossos países amigos e irmãos para a estabilização [em Cabo Delgado], colocando o país numa situação melhor ou idêntica aos países onde os conflitos [terroristas] ocorrem. Então, o argumento da estabilidade muitas vezes não cola. E a demora por si só provoca essa impaciência”, afirmou Nyusi, insistindo na necessidade de “acelerar esses projectos”.
Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, ao largo da costa de Cabo Delgado.
Dois desses projectos têm maior dimensão e preveem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para o exportar por via marítima em estado líquido.
Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após um ataque armado a Palma, em março de 2021, na altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura.
O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4, em terra).