A Sasol anunciou esta terça-feira, 25 de Julho, que colocou em funcionamento as suas instalações de gás em Moçambique no âmbito do seu Acordo de Partilha de Produção (PSA).
Em comunicado, citado pelo portal de notícias Energy Voice, a empresa refere que os trabalhos nas instalações decorreram dentro dos objectivos de custos e prazos, apesar da tempestade tropical Freddy. Para iniciar as operações oficiais, a Sasol necessita da aprovação da entidade reguladora de Moçambique, neste caso o Instituto Nacional de Petróleo (INP).
A petroquímica sul-africana assegurou que a sua perfuração foi bem-sucedida, aumentando o seu inventário de poços de 19 para 24, e informou também sobre uma descoberta de gás em PT5-C, no sul de Moçambique, que proporciona uma integração mais próxima das suas instalações actuais.
A produção em Moçambique está no limite superior da orientação da Sasol de 111 a 114 mil milhões de pés cúbicos. A produção de 2023 aumentou 2% em relação à do ano passado, impulsionada por poços adicionais. No entanto, as vendas de gás para a África do Sul foram inferiores em 3% em relação ao ano anterior, como resultado da menor procura por parte dos clientes.
Moçambique aprovou o plano de desenvolvimento do campo da Sasol em Setembro de 2020 e o conselho de administração desta tomou a decisão final de investimento (DFI), avaliando o projecto em 760 milhões de dólares, em Fevereiro de 2021.
A empresa afirmou que o projecto irá fornecer vendas de gás à Central Térmica de Temane (CTT) e à Sasol na África do Sul, tendo alertado para a incerteza que se avizinha nos mercados globais e petroquímicos para o ano de 2024, pois a Eskom e a Transnet enfrentam desafios no país vizinho, como a segurança dos camiões. A Sasol alertou ainda para a contínua volatilidade dos preços e da procura que se avizinha.
Na semana passada, a petroquímica apresentou pedidos de preços do gás à Entidade Reguladora Nacional da Energia da África do Sul (NERSA), nos quais referiu o seu investimento de mais de 300 milhões de dólares no fornecimento de gás de Moçambique para manter o fornecimento até 2026, tendo argumentado que os preços precisam de aumentar drasticamente. No exercício financeiro de 2022, cobrou 68,39 rands (3,88 dólares) por gigajoule e solicitou um preço de 120 rands (6,82 dólares) a partir de Julho de 2023, tendo a NERSA respondido que o valor era excessivo.
“O regulador deve ter em conta os riscos que a Sasol corre e os incentivos para desenvolver novos recursos. Caso o preço não seja suficientemente atractivo para vender a terceiros, a empresa poderá converter o gás noutros produtos nas suas próprias instalações”, defendeu a petroquímica sul-africana.
Este mês, a Comissão da Concorrência também se mostrou indignada com os planos de preços da Sasol, afirmando que a mesma “estava a cobrar preços demasiado elevados há quase dez anos”, pelo que o caso foi enviado para o Tribunal da Concorrência”.