A economia de Moçambique deverá contrair-se 2,4% este ano, afirma a Economist Intelligence Unit (EIU) no seu mais recente relatório sobre o país, previsão que contrasta com a apresentada esta semana pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que antecipa um crescimento económico de 2,2%.
O documento do FMI inclui previsões para apenas dois anos- 2020 e 2021 – enquanto o da EIU abrange o período que vai até 2024, ano em que a economia de Moçambique deverá estar a crescer à taxa de 9,0%.
Esta taxa de 9,0% está essencialmente ligada ao início da exploração de reservas de gás natural na bacia do Rovuma, norte de Moçambique, mas os ataques levados a cabo por radicais muçulmanos bem como a pandemia de Covid-19 levou já o grupo ExxonMobil a adiar a decisão final de investimento de projectos no bloco Área 4.
O FMI prevê para 2021 uma taxa de crescimento de 4,7%, mais do dobro da prevista da EIU que antecipa para esse ano uma taxa de 2,0%, a ser seguida nos anos seguintes por taxas de 6,5% em 2022 e 7,8% em 2023, além da de 9,0% em 2024.
O saldo da execução orçamental previsto pelos analistas da EIU é negativo em todos os anos do intervalo em análise, sendo particularmente significativo nos anos de 2020 e 2021, com valores de menos 13,3% e menos 11,1%, respectivamente.
O documento da EIU antecipa que a receita fiscal será duramente atingida pela pandemia de Covid-19, devido à redução das exportações e à menor receita fiscal decorrente das medidas aplicadas no sentido de evitar a propagação do novo vírus corona, mas refere que a situação tenderá a melhorar já em 2021, à medida que a actividade económica for retomada.
Além disso, há que ter em conta o aumento da despesa pública ao longo do ano em curso devido ao crescimento dos custos com a saúde bem como com os subsídios a serem atribuídos nomeadamente a empresas, ao abrigo das medidas de alívio das consequências da pandemia.
Igualmente em consequência do Covid-19 haverá uma redução das reservas monetárias sobre o exterior, com os analistas da EIU a anteciparem que em Moçambique as mesmas irão permitir cobrir apenas 4,4 meses de importações de bens e serviços, excluindo os grandes projectos.
“As reservas terão tendência a recuperar no período de 2022 a 2024 para 5,4 meses de importações devido à melhoria a registar-se na balança de transacções correntes”, pode ler-se.
A taxa de inflação, por seu turno, tenderá a agravar-se já este ano com uma taxa de 6,8%, depois de 2,8% em 2019, variando nos anos seguintes entre um máximo de 7,8% em 2024 e um mínimo de 4,2% em 2021.