Um total de 3.659 crianças estão inscritas no Programa Moçambicano Pé Boto PMP para o tratamento do pé boto, uma deformidade física congênita presente no nascimento que faz com que o pé do bebê vire para dentro e para baixo.
Os dados são disponibilizados pelo Mozambique Institute for Health Education and Research (MIHER), uma organização que representa a Hope Walks, entidade religiosa americana, parceira do Ministério da saúde (MISAU).
Acesso gratuito a nível nacional
Sem qualquer custo para os beneficiários, o programa foi estabelecido em Moçambique em 2013 com o objectivo de acabar com a deficiência causada pelo pé boto, proporcionando esperança por meio de cuidados de qualidade para que todas as crianças possam andar sem o pé torto.
O projecto decorre a nível nacional, em todos hospitais provinciais do país, com excepção ao Hospital Provincial da Matola pelo facto de o Hospital Central de Maputo (HCM) contar com os serviços.
De acordo com o MIHER, de 2019 a Julho do corrente ano o país registou 1.045 casos novos, dentre os quais 653 do sexo masculino e 392 femininos, o que mostra que, à semelhança do que se verifica a nível mundial, em Moçambique o sexo masculino tem sido o mais afectado.
Segundo o Dr. Matthias Schmauch, a província de Maputo conta com mais de 600 pacientes que são submetidos aos cuidados médicos. Ele diz que devido às palestras de sensibilização as mães passaram a conhecer a doença. “[Há] senhoras preocupadas com a saúde do seu bebê e o inscreve para aderir ao tratamento”, explica.
Tratamento atempado aumenta chances de sucesso
Quanto mais cedo começar o tratamento maiores são as chances de sucesso durante a cirurgia de correcção. O tratamento é feito a partir do método Ponseti, o qual consiste na colocação do gesso que suavemente alonga o pé do bebé. A tenotomia ajuda a levantar o pé acima do tornozelo e a tala mantém a correcção e impede que o pé volte a ficar torto. A tala deve ser usada 23 horas ao dia, durante um período de três meses, depois a noite e nas horas de cochilo até os cinco anos de idade.
Contudo, para o médico Ortopedista Matthias Schmauch, é possível começar o tratamento já com uma idade avançada, embora requeira muita paciência porque os ossos já estão acostumados a posição deformada.