A ministra portuguesa da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, disse esta quinta-feira, 23 de Novembro, em Maputo, que Moçambique tem condições para ajudar a suprir as necessidades de Portugal na importação de cereais, e instou os empresários portugueses a uma maior aposta no sector agrícola do País.
“Claramente, Moçambique tem não só condições de produção para ser autossuficiente, como também ajudar em determinados setores”, explicou Maria do Céu Antunes, citada pela Lusa, após reunir-se com alguns empresários portugueses do setor a operar naquele país africano.
Maria do Céu Antunes, revelou que o seu país não é auto-suficiente na produção de cereais, por isso tem a necessidade de importar.
“Sejam eles para abastecimento e para consumo humano, ou sejam eles para a produção de rações ou de alimentos compostos para animais que temos, e teremos sempre necessidade de importar, pese embora ainda tenhamos uma margem para poder crescer internamente. Mas o que é facto é que Moçambique pode e deve contribuir também para este esforço conjunto e, portanto, é nesta perspectiva também que trabalharemos conjuntamente”, apontou a governante.
A ministra sublinhou as condições “muito propiciadoras ao desenvolvimento agrícola” e à actividade agro-industrial em Moçambique, mas que ainda necessita de investimento em logística e cadeias de transporte, bem como de financiamento.
“Acrescentar valor seja para consumo interno, seja para exportação, mas em primeiro lugar, para consumo interno. E, portanto, esta é a grande potencialidade que o país tem e que, melhoradas as condições da logística, disponibilizadas condições de financiamento que sejam mais atrativas, claramente vai galvanizar este setor”, destacou a ministra.
Maria do Céu Antunes participou na quarta-feira, em Maputo, no primeiro Fórum de Investimento União Europeia — Moçambique, que visa potenciar as relações económicas entre o bloco e o país africano, através da iniciativa Global Gateway.
Recordando os impactos globais da pandemia de covid-19 e de dois grandes conflitos armados actualmente em curso, na Europa e no médio oriente, a ministra destacou a potencialidade da aposta da agricultura em África, nomeadamente em Moçambique, lançando o desafio aos investidores portugueses.
“É claramente um bom momento para se repensar e potenciar os investimentos em África e aqui em Moçambique em concreto, em que enfatizo a dimensão do país, as condições que têm de clima, de solo, são absolutamente fundamentais e propícias ao desenvolvimento de uma atividade agrícola que potencie a transformação e, com isso, deixe valor neste país”, destacou.
A ministra avançou igualmente que ao nível da cooperação bilateral, Portugal está a desenvolver com Moçambique a certificação da qualidade dos produtos alimentares moçambicanos.