Covid-19: Estás a ganhar ou a perder dinheiro?

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Difícil é contar uma história quando ela está a acontecer e somos actores. É o caso da pandemia do novo coronavírus, que trás um grande impacto na qualidade e na expectativa das nossas vidas – um cisne negro da humanidade. A nossa qualidade e expectativa de vida depende muito de como ganhamos, guardamos e gastamos os nossos recursos escassos e cada vez mais limitados, numa sociedade cada vez mais exigente e mais restringida pela pandemia da Covid-19. Neste quadro de dimensões irregulares e limitantes, a educação financeira desempenha um papel central na forma como tomamos as nossas decisões, as quais nos conduzem a ganhar ou a perder dinheiro.

Cada país ou governo, à sua maneira, dentro da sua capacidade técnica, financeira e política, não têm hesitado em aplicar o seu papel na economia, o de Regular, Fiscalizar, Estabilizar, Alocar e Distribuir. Cerca de doze meses depois da experiência inicial de como os países e governos foram forçados a lidar com este novo coronavírus, podemos descortinar que os impactos sociais e econômicos da  Covid-19 se assentam em três grandes dimensões de foco e controlo, que nos conduzem a ganhar ou perder dinheiro: (1) o potencial limitante dos sistemas das Liberdades Humanas (o “fica em casa” ou “stay home”); (2) o potencial de colapso dos sistemas de saúde (a alta procura dos serviços de assistência emergencial e a baixa oferta); e (3) o potencial de colapso dos sistemas econômicos internos (em seus diferentes níveis de encerramentos e o famoso e temível “lockdown”).

As medidas restritivas que os governos têm optado na tentativa de travar a propagação da Covid-19, medidas individuais e colectivas, têm concorrido para a diminuição de muitos mercados (mercados de bens e serviços e mercados de factores de produção), fazendo com que haja diminuição de circulação de dinheiro e, consequentemente, diminuição de criação de riqueza (crescimento negativo do PIB ou desaceleração), e desta à diminuição do leque de opções de compra e venda, impelindo à redução da qualidade de vida. Mas neste inquieto cenário, para saber se estás a ganhar ou a perder dinheiro, vale a pena ver dentre estas três questões principais da educação financeira, qual delas estás a dar prioridade: (1) como ganhar mais dinheiro; (2) como guardar mais dinheiro ou (3) como gastar menos dinheiro?

Mas vale recordar que, em educação financeira, os sujeitos econômicos (Estado/Governos, Famílias/Consumidores e Empresas/Fornecedores) não estão isolados, pelo que, em menor ou maior dimensão, as nossas decisões individuais são influenciadas pelo ambiente, tal como as mesmas decisões individuais têm o potencial de influenciar o ambiente. É neste prisma de influências recíprocas que, ao conhecer as razões dos factos em que a nossa história é construída, podemos tentar melhorar os nossos processos individuais, uma vez que os processos colectivos podem estar além dos nossos alcances.

Sob o ponto de vista financeiro, podemos destacar os seguintes impactos aos agentes econômicos, que concorrem à nossa posição de estarmos a ganhar ou a perder dinheiro: perdas de vidas humanas, ausência da força de trabalho, redução da produção, dos mercados, dos impostos, das receitas, dos empregos e dos rendimentos e o aumento da despesa pública, bem como a perturbação dos mercados que antes eram consideravelmente perfeitos. Estes impactos, de forma cumulativa, agravam as despesas dos agentes econômicos, quando simultaneamente reduzem as suas receitas, agravando deste modo o défice pré-existente e empurrando o agente econômico (especificamente o Estado, as famílias e as empresas) para a redução da sua qualidade de vida.

Mas o actual inferno financeiro não está para todos. Temos agentes econômicos (Estados, famílias ou empresas) que estão a ganhar dinheiro com a Covid-19, tais como: os sectores de limpeza de médio e grande porte, as farmácias, os centros de pesquisa e laboratórios de análises clínicas, as clínicas de testagem e a assistência médica, bem como as produtoras de consumíveis de protecção e higiene individual como o álcool, álcool em gel, máscaras, viseiras e até luvas de protecção biológica. As empresas especializadas em tecnologias de produtos e serviços à distância como “tele-espectáculo”, teletrabalho, telemedicina e “tele-educação” estão bem posicionadas neste momento na questão custo por acção, e seus investidores idem. A Covid-19 está a impor e a trazer novos mercados, produtos, serviços, com destaque para o famoso teletrabalho ou “Home Office” e a transmissão ao vivo pelas redes sociais (“streamings”), onde algumas empresas deste sector estão a facturar…!

Ora, o exame de Covid-19 tem-se destacado uma das ferramentas essenciais para diagnosticar e rastrear a propagação do vírus Sars-Cov-2, responsável pela doença do novo coronavírus (Covid-19) e, neste sentido, as empresas que produzem todos os itens usados neste processo, desde os testes rápidos, às agulhas e seringas de colecta de sangue, também estão em alta nas bolsas dinâmicas, e estão a facturar! Novas empresas deste segmento estão a nascer no mercado: dos serviços de ambulâncias aos serviços de assistência domiciliar, passando pela entrega domiciliar de bebidas – o ser humano é criativo por natureza!

Enquanto se tenta reduzir e quebrar a cadeia de transmissão, as pesquisas por vacinas ocorrem pelo mundo, mas à espera de uma vacina e medicamentos mais baratos, eficientes e eficazes, com particular destaque para os países menos desenvolvidos, populosos e de altas temperaturas, o futuro mantém-se incerto, apesar da elevação de nível de optimismo que vigorava no início da pandemia, quer para as famílias quer para as empresas. Nesta incerteza, precisamos de nos posicionar para saber se estamos ou vamos ganhar ou perder dinheiro.

Neste jogo, em que a maioria perde e uma minoria ganha (Estados, famílias ou empresas), prevalece o sentido moral e técnico de que estamos perante uma pandemia prejudicial a economia e ao bolso de todos. Mas, que foco como indivíduos devemos ter, dentro dos limites colectivos: (1) foco para ganhar mais dinheiro; (2) foco para guardar mais dinheiro ou (3) foco para gastar menos dinheiro? Estamos a lapidar a nossa história em tempo real e o resultado não dependerá tão somente das nossas acções individuais, pois as acções colectivas têm um papel importante e significativo no nosso roteiro e no fecho, que só Deus sabe!

 

 

 

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