FMI prevê desaceleração do crescimento económico mundial para 3% este ano

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O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou esta terça-feira que a recuperação global da pandemia e da invasão da Ucrânia pela Rússia continua lenta e desigual e prevê que o crescimento económico mundial desacelere este ano para 3%.

Na actualização das projecções económicas mundiais, divulgadas hoje no âmbito das reuniões do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, este ano em Marraquexe (Marrocos), a instituição liderada por Kristalina Georgieva destaca a acentuada divergência entre as economias mundiais.

O FMI prevê que o crescimento global desacelere de 3,5% em 2022 para 3% em 2023 e 2,9% em 2024, abaixo da média histórica (2000-19) de 3,8%, com a previsão para 2024 a cair 0,1 ponto percentual (pp.) face ao relatório de julho.

“Apesar da resiliência económica no início deste ano, com uma recuperação na reabertura e progressos na redução da inflação desde os picos do ano passado, é demasiado cedo para sentir conforto”, refere a instituição.

O FMI destaca que a atividade económica ainda está aquém da trajetória pré-pandémica, particularmente nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento, e há divergências cada vez maiores entre as regiões.

“Várias forças estão a travar a recuperação. Algumas refletem as consequências a longo prazo da pandemia, da guerra na Ucrânia e da crescente fragmentação geoeconómica”, aponta.

Outras, assinala, “são de natureza mais cíclica, incluindo os efeitos do aperto da política monetária necessário para reduzir a inflação, a retirada do apoio orçamental num contexto de dívida elevada e ocorrências climáticas extremas”.

Segundo o FMI, as previsões para o crescimento global a médio prazo, de 3,1%, são as mais baixas das últimas décadas, e “as perspetivas de os países alcançarem padrões de vida mais elevados são fracas”.

Entre as economias avançadas (para as quais prevê um crescimento de 1,5% este ano e 1,4% em 2024), prevê uma expansão do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA de 2,1% em 2023 e 1,5% em 2024, uma revisão em alta de 0,3 pp. e 0,5 pp. face a julho.

O FMI vê a economia da zona euro a crescer 0,7% este ano e 1,2% em 2024, uma revisão em baixa de 0,2 pp. e 0,3 pp., respetivamente, face a Julho. Entre as economias emergentes, aponta para um avanço de 5% em 2023 e 4,2% em 2024 da economia chinesa.

No entanto, o FMI destaca que os riscos para as perspetivas estão mais equilibrados do que há seis meses, devido à resolução das tensões sobre o limite máximo da dívida dos EUA e ao facto de as autoridades suíças e norte-americanas terem agido “de forma decisiva” para conter a turbulência financeira.

“A probabilidade de uma aterragem (económica) brusca diminuiu, mas o equilíbrio dos riscos para o crescimento global continua inclinado para o lado negativo”, considera. O FMI adverte que a crise do setor imobiliário da China poderá aprofundar-se, com repercussões globais, especialmente para os exportadores de matérias-primas.

Entre os riscos aponta ainda as expectativas de inflação a curto prazo poderem aumentar e contribuir — juntamente com a restritividade dos mercados de trabalho — para que as pressões inflacionistas subjacentes persistam e exijam juros mais elevados do que o esperado.

Mais choques climáticos e geopolíticos poderão levar também a aumentos adicionais nos preços dos alimentos e da energia, aponta ainda.