Esperamos atingir uma qualidade internacional e expandir a marca

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A Xicumba Design é uma marca de artigos de cabedal fabricados de forma artesanal. Trata-se de uma iniciativa de dois jovens que se uniram para concretizar este projecto inovador. Nesta entrevista, o gestor da marca, Henrique Sarmento, fala do trabalho artesanal desenvolvido e dos desafios, bem como explica que o objectivo é atingir os padrões internacionalmente reconhecidos e expandir a marca país adentro. O surgimento da marca Oriundo do Xichangana, o termo “Xicumba” significa “pele” na língua portuguesa e foi escolhido por constituir a principal matéria para a produção de artigos de cabedal. A Xicumba Design surgiu como uma marca em 2018, através de uma parceria entre Henrique Sarmento e o seu sobrinho. Segundo conta Sarmento, a ideia já existia e surgiu do gosto pelo artesanato e da necessidade de aumentar os seus rendimentos. “Antes eu trabalhava como montador de vidros numa oficina com o meu pai e como sempre gostei do artesanato, procurei uma outra fonte de renda para suprir algumas necessidades”. Enquanto trabalhava na oficina de montagem de vidros, o jovem pesquisava, através de plataformas digitais, como trabalhar com o cabedal. “Eu já mexia com outras áreas artísticas como o desenho e a escultura, mas quando aprendi a trabalhar o cabedal identifiquei-me com esta área. Produzia alguns artigos e vendia para os colegas da oficina e outras pessoas que apreciavam o meu trabalho”.  Disponíveis diversos tipos de produtos A Xicumba Design produz vários artigos feitos à base do cabedal, como sejam carteiras, pastas, braceletes de relógios, chapéus, porta canetas, chaveiros, entre outros. “Chegamos a produzir calçados, mas paramos por falta de recursos para atingir uma qualidade desejável. O mesmo aconteceu com as carteiras, mas conseguimos inventar algumas ferramentas de trabalho manuais e mais tarde juntamos algum dinheiro e compramos as ferramentas adequadas”, explica Sarmento, acrescentando que a produção artesanal de artigos requerer tempo e alguns acabamentos necessitam de maquinaria especializada, com a qual se irá produzir pastas.  Não é fácil adquirir matéria-prima de qualidade Parte da matéria-prima usada na produção dos artigos, conta o nosso entrevistado, é adquirida na Fábrica de Curtumes da Matola, sendo que a outra vem do exterior. Avaliando o seu negócio, Henrique acredita estar num bom caminho e perspectiva crescer, apesar dos desafios associados à aquisição de matéria-prima. “A nossa visão é fazer o negócio crescer, ainda que estejamos a enfrentar alguns desafios para adquirir o material, porque a melhor matéria-prima vem de fora, os preços são elevados e muitas vezes levam muito tempo para chegar”. Que alternativas adoptam neste contexto? “Quando é assim temos que usar a matéria-prima nacional, a qual serve apenas para determinados artigos”. Segundo Sarmento, as carteiras de mão masculinas e o porta-cartões são os produtos mais solicitados. Enquanto alguns clientes são movidos pela qualidade e o valor dos produtos, outros procuram-nos por serem personalizados. Será que existem outros motivos? Para Sarmento a resposta é sim: ‘Temos clientes que compram os nossos produtos porque precisam trocar o seu que já está danificado’, explicou, acrescentando que “alguns [clientes] não entendem quando explicamos que os nossos produtos são feitos manualmente e não têm a noção do que isso significa”. Nestes casos, o que fazem? “Temos tido a paciência de mostrar e explicar ao cliente todo o processo”, contou Sarmento, revelando que “a procura é maior em datas especiais como Natal, Fim do Ano e Dia dos Namorados”. Marketing incrementou a procura O aumento da procura deve-se à divulgação da marca Xicumba Design e dos seus produtos, através do Facebook e do Instagram. Todavia, Sarmento quer mais e explica porquê: “As pessoas precisam conhecer o nosso trabalho e temos que investir mais na divulgação. É um desafio contínuo”. A curto prazo, os jovens têm como objectivo fazer da Xicumba Design uma marca reconhecida a nível nacional e expandir, pelo país adentro, lojas e ateliers para estar mais próximo dos clientes. “Os moçambicanos devem saber que existe uma marca moçambicana que faz artigos de cabedal à mão e com boa qualidade”, afirma. Não existe concorrência, mas sim parceria Relativamente à concorrência, Henrique acredita haver mercado para todos, razão pela qual vê como parceiros os profissionais que desempenham a mesma actividade. Certas vezes, explica, fazem intercâmbio e troca de ideias. “Não os vejo como concorrentes, mas como impulsores para que nós possamos melhorar. Se eles produzem algo inovador, a nossa tendência será também a de produzir algo melhor e crescer. Existem algumas marcas que produzem artigos que nós não fazemos, como é o caso de calçados e quando os clientes procuram calçados, nós recomendamos essas marcas. Essa é a nossa maneira de pensar”, explica. Com quase três anos de existência, a Xicumba Design conta com quatro colaboradores efectivos e alguns sazonais, que são solicitados em épocas de pico.