Mena é uma daquelas empreendedoras de mão cheia. Começou a sua vida profissional ainda estudante numa empresa de estores e persianas, que pertencia ao seu pai, mas, com o andar do tempo, entendeu por bem abrir o seu próprio negócio. E tudo começou com a venda de recargas de telefonia móvel para depois passar a gerir alguns salões de cabeleireiro e uma empresa de decoração de eventos. E como o seu espírito de iniciativa não para, até no negócio do Catering esta empresária resolveu investir.
Filomena Cossa, também conhecida por Mena, é uma jovem empreendedora que actua em diferentes áreas de negócios, estando actualmente a trabalhar com salões de cabeleireiro e decoração de eventos. A morte do seu pai, segundo conta, obrigou-a a trabalhar quando “ainda era menor de idade”. “Tive de contar com a ajuda de um tutor e dos meus irmãos”, explica Mena, recordando que foi na Epremo, uma extinta empresa de estores e persianas do seu pai, onde começou a trabalhar. “Eu era assinante das suas contas. Trabalhei durante um ano e parei para dar continuidade aos estudos e só ia nos dias em que fosse imperioso lá estar. Passado algum tempo, em 2001, comecei a vender e a fornecer persianas”.
Persistência e foco nos objectivos
Em 2003, Mena decide, com a ajuda de dois revendedores ambulantes, começar a vender recargas de telefonia móvel. Passado algum tempo, inicia o negócio de encomenda de doces e salgados, que teve de parar devido à inadimplência dos clientes. “Algumas pessoas faziam encomendas, levavam os produtos e não pagavam. Isso me criou prejuízos”, lamentou. Não se rendendo aos obstáculos, Mena “arregaçou as mangas” e procurou por novas oportunidades de negócio. Foi a partir de uma conversa que manteve com pessoas próximas que, em 2005, abriu o salão de cabeleireiro “Mena”, localizado na sua residência no bairro da Liberdade, na Matola. “Tive muito sucesso logo após a abertura e anos depois abri os outros salões, um próximo de casa e outro no bairro das Mahotas e mais um na Liberdade. Depois tive que fechar alguns, porque era difícil monitorar todos e os colaboradores não ajudavam”, diz.
Decoração de eventos
Com os clientes a aderirem em massa, o negócio dos salões ia de vento em popa. Entretanto, sentiu a necessidade de criar mais um, pois, segundo conta, sempre gostou de criar e inovar. “Iniciei o negócio de decoração de eventos por influência de uma vizinha que também estava a aprender e convidou-me para assistir a uma aula em que ela participava, experimentei e dei-me bem”.
O instrutor da vizinha gostou da sua capacidade e incentivou-a a comprar algum material e começar o negócio. Sem todo o material de que necessitava para a decoração de eventos, o aluguer de cadeiras e mesas de que dispunha foi, à partida, a estratégia. “Com o lucro do aluguer de mesas e cadeiras fui a uma loja de tecidos e mandei fazer panos de mesa e capas de cadeiras para o meu primeiro evento que teria 100 pessoas. Entretanto, faltando menos de 24 horas, este foi cancelado”, recorda Mena com um misto de tristeza e desânimo, lamentando porque investiu todo o dinheiro que tinha para organizar aquele evento. Com o correr do tempo outras oportunidades surgiram. “Uma amiga solicitou os meus serviços. Chamei o meu instrutor e fomos decorar. Os convidados gostaram do meu trabalho, pediram o meu contacto e consegui alguns clientes que, por sua vez, também me recomendaram a outras pessoas”, conta.
O primeiro “grande evento”
O número de clientes aumentou com a decoração do seu primeiro “grande evento”, na abertura do Banco UBA. Nesta altura, diz, já tinha aumentado significativamente o material de trabalho, que foi adquirindo com a ajuda do seu instrutor, a quem nutre imensa gratidão. “Foi um anjo na minha vida”, afirma. Para a divulgação dos seus trabalhos, Mena aposta no tradicional método de passa-palavra, que julga ser o ideal. “Não sou muito de publicidade, faço a divulgação dos meus serviços boca a boca, os meus clientes são a minha maior publicidade e, normalmente, nos eventos acabo sempre saindo com mais dois a três clientes”.
Mena pretende associar, com regularidade, o catering à decoração de eventos, mas a falta de tempo constitui um obstáculo. “É difícil por causa do meu tempo que é escasso. O salão de cabeleireiro e a decoração consomem muito tempo porque, muitas vezes, tenho que organizar quatro ou mais eventos num dia e acabo não dando a devida atenção ao catering. Faço-o de vez em quando para alguns clientes que já estão habituados à minha comida e, quando percebo que estou muito atarefada, acabo recusando alguns serviços de catering porque gosto de participar no serviço, de fazer pessoalmente as coisas. Ainda estou a organizar-me para tal”, explica.
A Covid-19 reduziu o número de eventos e o rendimento
Com o advento e a propagação da Covid-19 no país, o número de eventos e a pressão de trabalho reduziram significativamente, afectando o rendimento, explica Filomena Cossa. “Estamos a trabalhar, mas o pagamento não tem sido fácil. As pessoas andam sem dinheiro, mas porque gostam dos meus serviços, não abrem mão”, diz, explicando: “é uma fase difícil e optamos por trabalhar na base da compreensão”. Na decoração de eventos, Mena conta com sete trabalhadores permanentes e alguns sazonais, contratados em função do volume de trabalho. Todavia, garante que sempre passa por todos os eventos para dar o seu toque final, devido à exigência dos clientes.