Cerca de cinco empresas do grupo empresarial Chuabo Holding investem no capital das PME com vista ao desenvolvimento económico do País, e não só. Trata-se de um grupo moçambicano que está a operar no mercado desde 2010 sob a alçada de vários jovens que, com o passar do tempo, criaram as suas empresas, tendo cada uma delas o seu foco, dependendo das oportunidades de negócio e do momento.
Aquando da sua criação o grupo denominava-se New Tech, uma experiência que não trouxe qualquer orgulho por falta de financiamento, o que forçou a sua paragem, tendo retomado mais tarde como o grupo Chuabo Holding, que veio a tornar-se um caso de sucesso, tendo em conta as experiências que trazia do grupo anterior.
Segundo conta o director geral do grupo Chuabo Holding, Januário Rocheque, este grupo ganhou vários concursos, promovia o autoemprego e o empreendedorismo juvenil, inspirado pelo seu espírito sonhador.
“Sonhador porque não é fácil ser empresário em Moçambique, não há espaço para o financiamento, é muito difícil consegui-lo. Portanto, decidimos criar um grupo de empresas onde o nosso ‘core’ focal, a nossa maior força é o ‘procurement’”, disse Rocheque, e acrescentou: “Sempre amei o procurement. Sou licenciado em Marketing mas tenho conhecimentos em ‘procurement’ e através deste, sempre que surgia um pedido de um cliente avaliava-se, poderia ser dentro da empresa ou podíamos criar uma outra empresa e abrir o outro mercado, então foi daí que surgiram as empresas que fazem parte do grupo chuabo holding”.
Empresas do grupo chuabo holding
Moz Synergy
Moz Synergy é uma empresa do grupo Chuabo Holding que surgiu no mercado em 2019 com o propósito de fazer o fornecimento de equipamento marítimo. “O alvará da Moz Synergy tinha duas componentes: A área de fornecimento de equipamento para a patrulha marítima, e a área de energias em que fazíamos o fornecimento de equipamento para a distribuição e gestão de corrente, que é o transformador, o gerador e os candeeiros industriais”. Explicou o director do Grupo.
Januário Rocheque conta-nos que na altura em que entrou para o mercado já existiam algumas empresas moçambicanas que actuavam especificamente nesta área, e recorda-se que numa participação do concurso em 2019 surgiram quatro empresas que fizeram parte do concurso.
“Mas, num outro concurso para o frete de um navio em que fomos os únicos que participamos, não ganhamos porque não tínhamos uma facturação acima de 75 milhões de dólares e tínhamos poucos anos de experiência e assim o projecto não teve nenhum andamento, mas éramos os únicos com o navio disponível”, lamentou.
Segundo Rocheque para fazer negócio não é, pura e simplesmente, olhar para a facturação. Em Marketing existem quatro componentes que são o produto, o preço, mercado e a promoção, sem os quais não se pode fazer negócio.
“Se temos um produto e não sabemos onde vender, se vamos ou não de acordo com a procura naquele mercado, ninguém vai comprar. A nossa estratégia é investir no nosso ‘know how’ porque queremos que a Chuabo Holding seja um grupo de referência para jovens”, frisou.
Corporate & Safety
É uma empresa do grupo Chuabo Holding, dedicada ao fornecimento de equipamento de protecção individual. Januário Rocheque conta que a criação da Corporate & Safety surge da sua paixão e ‘know how’ sobre os produtos balísticos e tácticos. “Decidimos então operar nesta área, fomos tentando bater às portas, e no ano passado ganhamos um concurso na Força Aérea, e, neste momento, somos a única empresa a fornecer. Estamos neste momento a negociar para expandir para toda a força de Defesa Nacional”, frisou.
Segundo Januário Rocheque, enquanto que para o mercado moçambicano o equipamento de protecção individual integra somente capacetes, botas, entre outros equipamentos que fazem parte da área de construção, a Corporate & Safety olha para esta área de forma diferente, pois tem como core focal a parte balística, táctica e o fornecimento de equipamento de protecção individual para bombeiros e para a área eléctrica.
“A parte balística e tudo que é a prova de balas. Existem muitas empresas de segurança em Moçambique, existe a força de defesa nacional. Temos conhecimento que existia uma outra empresa que teve o monopólio em Moçambique desde 1775, sendo a única que fornece ao Estado”, explicou. Para além destes, esta empresa oferece equipamentos para bombeiros, com destaque para os fatos contra o fogo, choques e ácido.
Rocheque revelou ainda que a Corporate & Safety pretende a longo prazo trazer o ‘know how’ da China, da Índia e Turquia para Moçambique, uma vez que a área de defesa nacional está constantemente a receber pessoal para defender a pátria. “Como jovens, gostaríamos de crescer com uma linha que garante a sustentabilidade do negócio, pois as empresas que não têm um plano de sustentabilidade focam-se no produto do momento”, manifestou a sua pretensão.
Entretanto, devido à pandemia da Covid-19 a Corporate & Safety decidiu apostar em produtos específicos que incluem máscaras, luvas, gel e botas de protecção, sem, contudo, deixar de fornecer outros produtos quando requisitados.
MedLine
No que concerne a esta empresa, Januário Rocheque conta que a mesma entrou no mercado para fornecer material e equipamento hospitalar, não necessariamente medicamentos. Com o surgimento da Covid-19, houve a necessidade de se incorporar certos produtos medicinais. Entretanto, tal acontece numa altura em que o Ministério da Saúde exigia a licença de importação. Nestes termos, o Grupo pensa criar uma empresa que opera simplesmente nessa linha.
“Nesse contexto surgiu a MedLine, Med de medicina e Line de alinhamento, isto é, linha médica. A MedLine foi recentemente criada e o nosso foco será virado para equipamentos e consumíveis hospitalares”, explicou Januário Rocheque e acrescentou que “em todas as áreas em que operamos, não olhamos somente para questões do rendimento e, sim, preocupamo-nos em desenvolver. O nosso ‘know how’ junta-se à parte do desenvolvimento e em trazer resultados para o nosso país”, disse Januário Rocheque.
Relativamente à Covid 19, Rocheque afirmou que a MedLine gostaria de fornecer testes rápidos, estando cientes de que a Covid não vai passar tão rápido, havendo por isso a necessidade de se fazer testes constantemente.
“Teremos também as máscaras assim como alguns produtos da Corporate & Safety que vão passar para a MedLine. Portanto, trata-se de uma empresa que já tem o ‘know how’ sobre quais os equipamentos mais procurados em Moçambique, desde a maquinaria de raio x, de mamografia, monitores, ventiladores, entre outros”, afirmou.
The Hub business service
Com a experiência de marketing, gestão de negócios, gestão de conflitos e negociação, o grupo Chuabo decide criar uma empresa vocacionada para a consultoria. “Sabemos que nos últimos cinco anos, os sectores público, privado e as ONG têm optado pelos serviços dos consultores e nós temos concorrido para prestar serviços a essas empresas”, explicou.
Segundo conta Januário Rocheque, The Hub Business Service funciona da seguinte maneira: “procura-se parceiros, contrata-se técnicos com formação e experiência para fazer consultoria em várias áreas. E basicamente o ‘procurement’, que é o nosso forte. Neste momento, estamos a participar em alguns concursos e esperamos vencer”.
Explica ainda que na procura de consultores são seleccionados os que melhor respondem às necessidades, que já tenham resolvido problemas similares aos que se apresentaram no momento. “Por exemplo, se é para a gestão de conflitos, iremos optar por alguém que seja expert nesta área. Queremos ganhar um concurso que tenhamos base e certeza da victória e, deste modo, ficarmos como referência”, frisou.
Estratégias de crescimento do Grupo no mercado
“A nossa estratégia é investir no ‘know how’. Não podemos agir sem que conheçamos os nossos concorrentes e sem avaliar os nossos pontos fortes e fracos e desta forma determinamos o nosso posicionamento no mercado. O nosso negócio é diferente. Eu digo que não vendo batata nem alho. Não que não os possa vender. Para que eu venda produtos, tenho que perceber do cliente porque é que quer cada um destes produtos, porque é que quer comprar a mim. Isso chama-se ‘insight selling’”, explicou.
A aposta do grupo Chuabo Holdings cinge-se em conhecer o cliente, as suas necessidades e não pedidos, pois, segundo Rocheque, para fazer negócio é necessário conhecer a necessidade do potencial cliente. “Podemos ter um pedido, mas que não é necessariamente uma necessidade. E é aí onde entramos com o ‘know how’, e este é o segredo do negócio”, enfatizou.
O grupo Chuabo Holding deseja ser uma empresa moçambicana de jovens de referência. “O posicionamento das nossas empresas no mercado é personalizado. Quem vem ter connosco é porque já tem uma reunião marcada. Vamos atrás das pessoas com quem queremos trabalhar”, concluiu.