Que avaliação faz do desempenho económico do ano 2017 e qual é a perspectiva para o ano 2018?

À margem do Café Negócios questionamos Rogério Samo Gudo, CEO da Escopil e João Figueiredo, PCA do Moza Banco sobre o mesmo tema, eis as suas respostas à pergunta:

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Para Rogério Samo Gudo, CEO da Escopil Indústria, o ano 2017 foi muito difícil para a economia do país, com muitas empresas a encerrarem por falta de meios financeiros e retracção da economia.

Contudo, a partir do segundo semestre, pelas medidas difíceis mas necessárias tomadas pelo Banco de Moçambique, assistiu-se a uma estabilização do câmbio e redução da taxa de inflação, o que contribuiu para recuperação da confiança do sector empresarial, apesar das elevadas taxas de juros bancárias, redução do crédito ao sector privado, incumprimento pelo Estado de pagamento dos fornecimentos e serviços feitos pelas empresas privadas, desafios que têm de ser abordados e resolvidos.

Para 2018, defende Samo Gudo, colocam-se alguns desafios que requerem soluções imediatas para o sector privado nacional poder investir nos seus empreendimentos, com especial enfoque no restabelecimento da paz definitiva; manutenção do rigor na componente da economia monetária, em particular a estabilidade cambial e redução da inflação; maior contenção dos custos do sector público, para permitir a libertação de mais crédito bancário para o sector privado; redução das taxas de juros pelos bancos, para permitir ao investidor avançar com o seu empreendimento e cumprir com as obrigações do empréstimo. Também se mostra importante restabelecer a credibilidade do país como cumpridor das suas obrigações financeiras e evitar que os pleitos eleitorais que se avizinham provoquem ainda maior retracção na economia do país.

 

Para João Figueiredo, PCA do Moza Banco, “depois de uma desaceleração do crescimento económico registada em 2016, pode- se concluir que o ano 2017 foi caracterizado por uma ligeira melhoria da actividade económica em geral face ao ano transacto, evidenciada pela evolução positiva de alguns indicadores macroeconómicos, principalmente no último trimestre do ano, nomeadamente a taxa de inflação, a taxa de câmbio e as Reservas Internacionais Líquidas.

No entanto, a actividade económica em 2017 continuou a ser fortemente influenciada pela redução das despesas de investimentos e de consumo do Estado, em resultado da política fiscal restritiva levada a cabo após a suspensão da ajuda externa ao Orçamento do Estado pelos parceiros de cooperação internacional. Sendo o Estado o maior agente económico, a política fiscal restritiva adoptada condicionou grandemente o desempenho da actividade empresarial em 2017, resultando num crescimento económico abaixo da média observada nos últimos anos, de aproximadamente 7%.

A conjuntura económica e financeira do país em 2017 afectou igualmente o desempenho do sector bancário, reflectindo-se no abrandamento dos níveis de crescimento de depósitos e crédito à economia.

Para 2018, perspectiva-se a continuação do objectivo de consolidação fiscal e racionalização/ contenção das despesas públicas. No plano monetário, em resultado da perspectiva de manutenção da trajectória de redução da taxa de inflação e estabilidade cambial, estima-se que o Banco de Moçambique reduza as taxas directoras. Contudo, prevejo que se mantenha a política monetária restritiva devido à prevalência de alguns riscos, nomeadamente o atraso na implementação do projecto de gás natural, a reestruturação da dívida avalizada pelo Estado, a evolução do preço dos produtos básicos e o crescimento do défice fiscal”.

Assim, a actividade económica em 2018 continuará a ser condicionada pelo plano económico restritivo, pelas condições atmosféricas adversas (previsão de cheias na zona centro e norte) e pela incerteza quanto à retoma do apoio ao Orçamento Geral do Estado pelos principais parceiros internacionais. Portanto, não obstante a existência de sinais positivos de retoma do crescimento registado no último trimestre de 2017, há uma grande incerteza relativamente à evolução macroeconómica em 2018.