Procuramos sempre manter uma boa relação com os clientes

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Noel Welemo, proprietário do salão de corte ‘Anuar’, é o nosso convidado para a última edição do ano nesta rubrica. Natural de Maputo, residente no Bairro da Machava, Noel descobriu a sua inclinação na área quando frequentava o Segundo Ciclo do Ensino Primário, na Escola Noroeste 2, na cidade de Maputo. Para alcançar a tão almejada independência financeira, decidiu abrir o seu próprio salão. Inspire-se!
Saber aproveitar os tempos livres
Devido à distância que tinha de percorrer entre a escola e a sua residência, Noel preferia ir à cidade mais cedo para não chegar tarde às aulas no período pós-laboral. “Conheci um amigo que trabalhava no mercado Estrela Vermelha, onde tinha uma barbearia. Eu passava o tempo lá durante o dia e a noite ia à escola”, recorda ele, explicando que foi assim que conseguiu uma vaga na barbearia, onde trabalhou “cerca de quatro anos”.  
Com experiência suficiente na área, Noel foi trabalhar numa outra barbearia localizada no Bairro Central. Passado algum tempo, ele decidiu criar o seu próprio salão. “Não me sentia satisfeito como empregado, então, montei uma barbearia numa garagem arrendada no bairro da Mafalala, onde trabalhei durante ano e meio”. Por causa do período em que estudava, justifica ele, o negócio tornou-se insustentável. “Eu estudava no período pós-laboral, pelo que tinha de encerrar o estabelecimento mais cedo e no final do mês o rendimento era baixo”.
O trampolim
Sem sucesso no seu empreendimento, Noel começou a trabalhar nos Salões ‘Cupido’, onde, segundo explica, adquiriu novos saberes do seu ofício e passou a trabalhar com outros tipos de cabelo. “Aprendi a trabalhar com cabelos lisos, cresci profissionalmente”, explica. Passado algum tempo, ele deixou a empresa que o tornou profissional após receber uma proposta de trabalho melhor na ‘Nail Spa’, no Maputo Shopping. “Lá trabalhei durante cinco anos, e foi onde amadureci, conquistei muitos clientes”. Ainda assim, revela o empreendedor, “sempre vinha aquela ideia de procurar um auto-sustento, criar o meu próprio empreendimento e trabalhar de forma independente”.
Ele conseguiu avançar com a sua ideia depois que alguns amigos decidiram financiar a construção do salão. “Como eu não tinha dinheiro suficiente para montar a barbearia, eles entraram financiando a outra parte. Eu concordei com a proposta e cá estou neste estabelecimento desde Setembro de 2016”.
Negócio é rentável
O empreendedor explica que o seu negócio é rentável, tendo registado dias melhores antes da pandemia. Segundo explica, “a vantagem deste trabalho é que o investimento não é diário, compramos os produtos e usamos por cerca de três semanas”. A título de exemplo, “um pente pode ser usado por três meses, um after shave por três semanas e isso compensa”. Os seus clientes são de classe média-alta, aos quais oferece uma gama de serviços. “Fazemos todo o tipo de cortes para homens, senhoras e crianças, em cabelos lisos, cabelos africanos (vulgo carapinha). Fazemos cortes artísticos, pinturas, barbas, manicure e pédicure.
Pandemia fez reduzir ‘staff’
Antes da pandemia, Noel empregava sete funcionários devido à demanda. Um administrativo, três barbeiros e três serventes. “Tínhamos que ser flexíveis, dar um atendimento adequado aos clientes e manter a casa limpa. Para tal, tínhamos que ter um ‘staff’ significativo porque o cliente não pode ficar à espera”, explicou. Com o advento da pandemia, ele teve de reduzir a equipa. “Acabei reduzindo o ‘staff’ e fiquei com quatro pessoas, porque independentemente de ter baixado a clientela, é necessário prestar serviços de qualidade”.
“Deus tem pão para todos”
Quanto à concorrência, Noel parte do “princípio segundo o qual Deus tem pão para todos” e que “é preciso que haja concorrência para melhorar a qualidade dos serviços”. Todavia, reconhece haver uma ameaça. E justifica porquê: “Os clientes gostam de coisas novas e quando um salão novo abre, todos correm para experimentar, é daí onde vemos quem de facto é fiel”. “Mas a maior parte dos clientes volta sempre, é a lei da concorrência”, reconhece.
Como planos para o futuro, ele projecta aumentar o seu salão e dispor de um serviço personalizado de atendimento ao domicílio. “Se o cliente não pode vir ao salão, nós vamos ao encontro do cliente”.