Petrolíferas investiram quase dois mil milhões de dólares em prospecção em Moçambique desde 2006

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As companhias petrolíferas investiram em Moçambique, desde 2006, quase dois mil milhões de dólares em projectos de prospecção de hidrocarbonetos que aguardam planos de desenvolvimento, sendo que o maior investimento aconteceu em 2013.

Segundo dados consultados esta segunda-feira (21) pela Lusa, a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), operadora petrolífera detida pelo Estado moçambicano, contabiliza que investiu 264,1 milhões de dólares desde 2006 em projectos de prospecção de hidrocarbonetos. De acordo com o mesmo documento, a este valor acrescem 1,7 mil milhões dólares investidos pelas concessionárias dos projectos, no mesmo período, totalizando assim quase 2 mil milhões de dólares.

No geral, segundo a ENH, o ano de maior investimento foi 2013, com um total de 545,5 milhões de dólares de investimento, que caiu para pouco mais de 5,8 milhões de dólares investidos em 2018, na sequência dos ataques de insurgentes em várias localidades de Cabo Delgado, no norte do País, onde se situam os principais projectos de prospecção e produção de gás natural.

Além destes projectos, a ENH detém uma posição de 25% no consórcio liderado pela Sasol na área de produção de gás de Pande e Temene, já em produção, e de 10% no Rovuma Área 4, em desenvolvimento e produção, além de outros 15 em desenvolvimento e pesquisa.

A ENH exerce a sua actividade subordinada ao Ministério dos Recursos Naturais e Energia (MIREME), tendo como “objectivo principal” a actividade petrolífera, “nomeadamente a prospecção, pesquisa, desenvolvimento, produção, transporte, transmissão e comercialização de hidrocarbonetos e seus derivados”, incluindo importação e exportação.

Entretanto, recentemente, a companhia petrolífera norte-americana Exxon Mobil considerou que o investimento no gás natural de Moçambique está encaminhado para ser tomada uma decisão final de investimento em 2025, começando a produzir no final da década.

“Muito depende ainda da situação de segurança, que tem estado a ser muito bem gerida”, ressalvou em Julho o vice-presidente da companhia para a exploração de petróleo e gás, Peter Clarke, numa conferência em Vancouver.

Esta é a primeira vez que a Exxon fala em datas relativamente ao projecto de construção de uma fábrica no norte de Moçambique, depois de o projecto estar parado desde 2020 devido à insegurança na região.

O projecto da Exxon em Cabo Delgado previa uma produção de 15,2 milhões de toneladas por ano, mas a companhia prevê uma produção anual de 18 milhões de toneladas actualmente.

Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, sendo que estão localizadas ao largo da costa da província de Cabo Delgado.

Dois desses projectos têm maior dimensão e prevêem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para depois o exportar por via marítima em estado líquido.

Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após o ataque armado a Palma, em Março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura. O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).

Um terceiro projecto concluído e de menor dimensão pertence também ao consórcio da Área 4 e consiste numa plataforma flutuante de captação e processamento de gás para exportação, directamente no mar, que arrancou em Novembro de 2022.