Uma publicação da Energy Capital & Power diz que Moçambique é o país mais verde do mundo, usando quase 100% de energia verde e sustentável. “Capaz de produzir 187 GW de energia hidroelétrica, carvão, gás e eólica, o país da África Austral tem o maior potencial de geração de energia de todos os países da região”, explica a plataforma, acrescentando que o país lidera o ‘ranking’ dos países mais verdes do continente.
África com maior potencial para fontes de energia verde
Dotada de imenso potencial para fontes de energia verde – incluindo uma capacidade solar estimada em 10 TW, 350 GW de hidroeléctrica e 110 GW de energia eólica – África está na vanguarda da geração global de energia renovável, com estudos da Agência Internacional de Energias Renováveis a sugerir que o continente pode vir a atingir 310 GW de capacidade de energia renovável até 2030.
Em todo o continente africano, 30 países geram mais de 70% de sua energia a partir de fontes renováveis. Apenas cinco países fornecem menos de 10% de energia, o que faz de África um continente que contribui com menos de 5% das emissões mundiais de gases de efeito estufa.
Neste contexto, uma das principais soluções para a electrificação em África – continente com uma população de mais de 600 milhões que não tem acesso à energia confiável – são as energias renováveis, principalmente no que diz respeito às micro-redes, com energia de baixo custo proveniente de hidroeléctricas, solares e eólicas para fornecer energia às comunidades isoladas.
Enquanto o mundo procura adaptar a sua matriz energética para melhorar a sustentabilidade, África tem a oportunidade de usar o seu potencial de energia renovável para atender à crescente demanda de electricidade, enquanto, ao mesmo tempo, alcança as metas de desenvolvimento sustentável, com alguns países africanos já a fazer progressos significativos.
Moçambique, o mais verde de todos
Usando quase 100% de energia verde e sustentável, Moçambique é o país mais verde do mundo, com a energia hidroeléctrica a representar a maior parte da sua capacidade instalada em aproximadamente 81%, sendo o restante composto por energia solar, gás e outras fontes. Capaz de produzir 187 GW de energia hidroeléctrica, carvão, gás e eólica, o país da África Austral tem o maior potencial de geração de energia de todos os países da região.
O maior fornecedor de energia de Moçambique é a barragem hidroeléctrica de Cahora Bassa de 2.075 MW, operada pela empresa estatal de energia, Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB). A HCB possui as operações da barragem localizadas no rio Zambeze, na província de Tete, é a maior central hidroeléctrica da África Austral e serve como a estação geradora de energia mais eficiente em Moçambique.
De acordo com um comunicado recente da HCB, a empresa registou, em 2021, “uma produção global de 14.990 GWh, correspondente a 6,12% acima da produção planeada para o ano de 2021. Esta produção hidroenergética global resulta da disponibilidade de recursos hídricos e de equipamentos de geração e transporte de energia, e representa cerca de 2% negativos se comparada com a produção de 2020”. Para este ano, a HCB tem planificada a meta anual de produção de 14.228 GWh.
Apesar do enorme potencial de Moçambique, apenas 34% da sua população tem acesso à energia segura, em parte devido à rede de transmissão e distribuição subdesenvolvida do país. Contudo, na próxima década, projecta-se que o gás natural venha a fornecer 44% da geração total de energia de Moçambique, diversificando a sua matriz energética e proporcionando o acesso à electricidade a uma parcela maior da população.
CAIXA
Outros países mais verdes em África
2º – Etiópia
Com uma abundância de energia hidroeléctrica e solar, a Etiópia tem um potencial para gerar mais de 60 mil MW a partir de fontes renováveis. Aproximadamente 90% da energia gerada neste país da África Oriental é derivada de fontes hidroeléctricas, com os 10% restantes gerados a partir de energia eólica e térmica. Actualmente, o Governo da Etiópia planeia expandir a sua capacidade de geração instalada em mais 5 mil MW até 2022, permitindo que o país atenda à crescente demanda de electricidade, que deve crescer aproximadamente 30% ao ano. As actuais projecções da Ethiopian Electric Power, produtora estatal de electricidade, indicam que a capacidade total de geração instalada do país será de 10.358 MW até 2022, com o Governo diversificando o seu “mix” de energia com outras fontes, tais como a solar, a eólica e a geotérmica. Na sua história, 99% do uso total de energia do país foi derivado da energia verde, com a Etiópia a contribuir com apenas 0,08 toneladas de emissões de CO2 per capita.
3º – Zâmbia
Neste país, 85% da electricidade instalada é hidroeléctrica. As principais usinas eléctricas são: a central elétrica de Kariba North Bank de 1,08 MW, as centrais eléctricas superior e inferior de Kafue Gorge de 840 MW, a central elétrica de 108 MW de Victoria Falls, o 24 Usina Hidroeléctrica de MW Lunsenfwa e Usina Hidroeléctrica de Itezhi-Tezhi de 120 MW, contribuindo para a capacidade instalada do país centro-africano de 2.800 MW. 99% da energia total utilizada na Zâmbia advém de fontes renováveis, classificando o país como o terceiro mais verde do mundo, contribuindo com apenas 0,07 toneladas de emissões de CO2 per capita.
4º – Quénia
A maior parte da sua energia provém de fontes geotérmicas, o que faz deste país um dos mais verdes do mundo. Em 2016, o Quénia gerou 26% de toda a energia renovável da África em termos de potência e é líder global no seu número de sistemas de energia solar instalados per capita. Apesar da abundância do seu potencial solar, a energia solar fotovoltaica ainda representa apenas menos de 1% da matriz energética no país, com a sua capacidade instalada actual de 2,3 GW composta por 57% hidroeléctrica e 32% térmica. O país emitiu uma das mais baixas emissões de CO2 do mundo, com 0,4 toneladas per capita. A energia hidroeléctrica é a maior fonte de electricidade do Quénia, que fornece aproximadamente 677 MW da capacidade total da rede instalada do país. Em 2019, o país colocou em operação uma usina solar de 50 MW, resultando em energia renovável responsável por mais de 90% da matriz energética do país.
5º – Gana
Com uma capacidade de geração instalada superior a 5.300 MW, o Gana apresenta uma das taxas de acesso à electricidade mais elevadas de África, sendo o seu fornecimento de energia constituído por fontes hidroeléctricas (38%), térmicas (61%) e solares (1%). Conforme descrito no Plano Director de Energias Renováveis do país – lançado em 2019 – o Gana visa aumentar a proporção de seu ‘mix’ nacional de geração de energia dos seus níveis de 42,5 MW em 2015 para 1.363,63 MW até 2030, além de reduzir a sua dependência da biomassa como a principal fonte de combustível para aplicações de energia térmica. Historicamente, o país é um dos mais verdes do mundo, contribuindo com apenas 0,4 toneladas de emissões de CO2 e gerando a maior parte da sua energia (68,26%) de fontes renováveis.