Futuro de Chibuto movido a areias pesadas

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Presente em 27 países africanos, o grupo AFECC decidiu apostar nas areias pesadas de Chibuto. A exploração da mina a céu aberto poderá movimentar um investimento de 1.2 bilião de dólares. Neste momento decorrem os testes para a escolha da tecnologia, depois seguirá a construção de uma fábrica com capacidade para produzir 100 mil toneladas de minérios por dia.

O projecto das areias pesadas de Chibuto, na província de Gaza, avança a passos largos rumo ao início da produção. Em 2016, o grupo chinês Anhui Foreign Economic Construction Group (AFECC) começou a dar corpo à iniciativa, com o arranque das experiências que vão determinar a tecnologia que será usada durante a exploração e produção de minérios.

A concessão abrange uma área de 10 800 metros quadrados, com uma reserva de 2.6 biliões de toneladas, a maior deste tipo de areias pesadas do mundo, que pode ser explorada durante 70 ou 100 anos.

o grupo AFECC conclui a construção de uma vila de
reassentamento com cerca de 500 casas

Neste momento, o grupo chinês mantém uma fábrica para experiências com capacidade para produzir mil toneladas de minérios por dia.

Quando a produção iniciar, provavelmente dentro de dois anos, segundo a empresa, será erguida uma unidade fabril com capacidade para produzir 100 mil toneladas por dia, devendo empregar aproximadamente três mil trabalhadores. Nas areias pesadas de Chibuto, o grupo AFECC, com grandes investimentos em Moçambique, com destaque para o Hotel Glória, procura, entre outros, titânio e zircão, dois minérios muito usados, actualmente, na indústria e cuja tecnologia de separação sai mais em conta.

Qihong Zhang, Director Geral Adjunto da AFECC

Empregando mil trabalhadores, dos quais 900 de nacionalidade moçambicana, o grupo revela que, depois de terminar os testes da tecnologia, vai desenhar a fábrica e esta não estará pronta em menos de dois anos. Por isso, Chibuto terá de esperar, pelo menos, dois ou três anos para começar a exportar minérios.

Enquanto isso, está a ser desenhada uma linha férrea com a extensão de 70 quilómetros, que vai ligar Chibuto a Chókwè, para viabilizar a exportação de minérios através do Porto de Maputo.

O investimento global deste importante projecto poderá atingir 1.2 bilião de dólares norte-americanos.

Lembre-se que a exploração das areias pesadas de Chibuto tinha sido adjudicada à multinacional anglo-australiana BHP Billiton (dona da fábrica de alumínio Mozal), mas perdeu a concessão, por considerar a exploração inviável, a favor do Estado moçambicano, em 2009. Na altura, a BHP Billiton previa produzir titânio, rutílio e zircão.

Para o Presidente Nyusi, a exploração das areias pesadas é uma resposta ao apelo que o Governo fez às autoridades chinesas.

NYUSI DIZ QUE EMPRESAS CHINESAS RESPONDERAM À CHAMADA

O Presidente da República, Filipe Nyusi, visitou o projecto poucos dias depois de a revista “Negócios” passar pelo local. Para Nyusi, a exploração das areias pesadas é uma resposta ao apelo que o Governo fez às autoridades chinesas durante uma visita àquele país asiático. Mesmo assim, para o PR, o passo importante será a inauguração da fábrica, que ainda não tem data marcada.

UM GESTO PELA POPULAÇÃO DE CHIBUTO

Enquanto o projecto avança, o grupo AFECC conclui a construção de uma vila de reassentamento com cerca de 500 casas de tipo três, de alta qualidade, campos de futebol, hospital, igreja, posto policial e escola.

Para garantir água aos reassentados, está em construção um sistema de abastecimento de água com tecnologia de ponta.

Para chegar à vila, o precioso líquido vai percorrer cerca de sete quilómetros, saindo do rio Limpopo. Está igualmente em construção uma linha de transporte de energia.

Todo este projecto social vai custar pouco mais de 20 milhões de dólares americanos.

Já no caminho entre a mina e a vila de Chibuto, está a ser erguido um centro comercial que terá um hotel, lojas de material de construção, posto de abastecimento de combustíveis e um grande supermercado.