É necessário criar condições para diversificar a economia

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Paulo Oliveira nasceu em Portugal mas vive em Moçambique desde 2006 e trabalha no sector de automóveis e de comunicação. Paralelamente a estes negócios, foi recentemente nomeado para a Comissão executiva da CE-CPLP e exerce o cargo de Vice-Presidente do pelouro de políticas financeiras na CTA, plataforma considerada crucial para a melhoria do Ambiente de Negócios e para o desenvolvimento económico do país.

 

Na qualidade de Vice-Presidente do pelouro de políticas financeiras na CTA e, sendo este pelouro novo, quais foram os objectivos que nortearam a sua criação e qual é o seu papel essencial?

 

O Pelouro da política financeira da CTA foi criado como um veículo de mecanismos consultivos para discutir e trazer soluções práticas a problemas ligados ao sector financeiro no âmbito do diálogo-público privado. Tendo em conta que a nossa confederação advoga pela melhoria do ambiente de negócios envidando esforços para alavancar a actividade empresarial e contribuindo, deste modo, para o crescimento e desenvolvimento económico do país, o pelouro da política financeira considera-se uma plataforma crucial uma vez que traz à luz um debate especializado sobre questões de cariz financeiro com impactos imensuráveis na actividade económica. Neste mecanismo de diálogo, a contra parte do pelouro é o Banco de Moçambique com o qual definimos anualmente uma agenda de trabalho que contém uma diversidade de assuntos julgados prioritários e desafiantes para o país. Para este ano, por exemplo, alguns dos assuntos agendados são: Aumento da literacia financeira, criação de condições favoráveis para o alargamento do acesso ao financiamento, implementação de medidas para impulsionar a poupança, entre outros.

 

Como empresário com longa experiência, como define o ambiente de negócios em Moçambique e como destino de investimento externo?

 

O ambiente de negócios em Moçambique não tem melhorado muito apesar dos esforços feitos por algumas entidades, em particular a CTA que tem tido uma voz muito activa. Por exemplo, em 2017, Moçambique caiu vários lugares na tabela do “Doing Business”, recuperando no ano seguinte devido à área do comércio Além fronteiras, permitiu tornar mais fácil exportar através da infra estrutura no complexo portuário de Maputo – Matola. Por outro lado a redução do tempo de ligação da electricidade por parte da EDM contribuiu para essa subida mas em contrapartida no caso do custo da electricidade, hoje em 2019, e comparando com o ano de 2016 vimos a factura a aumentar significativamente para o sector industrial. Ainda no caso da indústria temos casos de muita dificuldade no abastecimento de água em muitos lugares do País incluindo a região do grande Maputo.

Continuamos a ter uma carga fiscal elevada nas empresas. Devemos alargar mais a base tributária, mas, infelizmente, a nossa economia ainda passa muito pelo informal, sendo poucos actualmente a pagar impostos.

Relativamente ao investimento externo, temos na minha opinião de fazer um investimento na Justiça para que esta seja mais célere. Não haverá nenhuma empresa estrangeira a quer investir num País onde sabe-se que a justiça funcione de uma forma incipiente.

Em suma devemos criar as condições necessárias para diversificar a nossa economia, não cometer o mesmo erro que outros Países de África cometeram com o deslumbramento do sector de Gas & Oil.

 

O seu perfil empresarial é diversificado em vários sectores de actividade, com maior destaque, no ramo automóvel e agenciamento de publicidade qual é o sector com maior potencialidade de se fazer negócio em Moçambique na actual conjuntura económica e financeira que o país se encontra inserido?

 

Nos sectores onde estamos a actuar, automóvel com as marcas Renault e VW e na comunicação com a agência Caetsu, estes fazem parte dos primeiros sectores a reagir positivamente quando existe um crescimento económico, uma vez que as pessoas/ empresas investem na mobilidade e na comunicação. No segundo semestre de 2018 e este início deste ano notamos uma melhoria nas vendas e na procura dos nossos serviços. Sendo que na realidade, desde a sua criação, ambas empresas têm vindo numa trajetória de crescimento. O sector da importação de novos veículos, tem muito potencial, porque o mercado ainda é alimentado pelas importações de viaturas usadas, muitas delas proibidas de circular em outros Países. Este é um exemplo onde a nossa economia poderá crescer duma forma sustentável e formal. A exigência de todos os fabricantes de automóveis obriga a formação constante, mercado regulado, cadeia de abastecimento de peças, o que vem dar mais consistência ao nosso mercado. É necessário regulamentar a entrada das viaturas usadas uma vez que estas contribuem para o aumento da sinistralidade nas nossas estradas pela antiguidade e estado das viaturas, do aumento da poluição e dinamização do mercado informal.

 

Foi recentemente nomeado para a Comissão executiva da CE-CPLP. Que desafios, objectivos e metas foram traçados para o vosso mandato a frente desta importante confederação empresarial da CPLP.

 

Esta direção da CE-CPLP propôs se desde o seu primeiro mandato ao desafio de tornar a CPLP cada vez mais económica, com redução das b