A ameaça dos Estados Unidos da América (EUA), segundo a qual, todos aqueles que importarem combustível da Rússia vão sofrer consequências, viola a soberania dos países, consideram os analistas Alberto Ferreira e José Matemulane. Explicam que Moçambique, por exemplo, deve comprar combustível onde for possível para aliviar o custo de vida.
Na sua recente visita à República do Uganda, a diplomata norte-americana nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, afirmou que comprar produtos petrolíferos da Rússia, sob sanções devido à guerra na Ucrânia, estará a violar as sanções americanas e, por isso, haverá consequências.
Reagindo ao aviso da embaixadora norte-americana, os analistas Alberto Ferreira e José Matemulane explicam que a advertência viola a soberania e a independência de países.
“Este apelo é um atropelo à soberania e às independências africanas”, repudiou o analista Alberto Ferreira.
“É, de facto, moralmente repudiante. Ela não é ética, nem moral. Ninguém deu aos americanos autoridade e legitimidade para decidirem aquilo que é bom ou mau nos seus países. Ninguém votou para pedir permissão se pode comprar ou não o gás ou o combustível e armas da Rússia”, referiu o analista Matemulane.
Para os dois interlocutores, os Estados Unidos da América pretendem ter mais aliados na sua luta de poderes contra a Rússia. E os líderes africanos precisam de avaliar os interesses internos para minimizar o custo de vida.
Matemulane não deixa dúvida de que os Estados Unidos da América “querem recordar que estão no comando” e que os países devem escolher “o princípio do mau menor, aquilo que é o melhor para a sua população e para os países neste momento”, esclareceu Matemulane.
O analista acrescenta que o continente africano é chamado, mais uma vez, ao desafio da independência face ao controlo dos países desenvolvidos.
Por sua vez, Ferreira reitera que “ os países africanos vão procurar os melhores produtos para os seus países de acordo com os gastos, proveitos e perdas”, vincou.
Matemulane e Ferreira sublinham que Moçambique, como membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, pode comprar combustível russo sem escolher aliados na guerra entre a Rússia e a Ucrânia.