Letícia Klemens quando era adolescente sonhava com a carreira diplomática, mas acabou enveredando pela área das Ciências Jurídicas e dos Recursos Humanos. Actualmente, possui empresas e participações em diversos sectores, tais como Agricultura, Gestão de Recursos Humanos, Mineração, Comércio, Imobiliária, Restauração e Hotelaria. E ainda continua à procura de novos projectos.
Quando era adolescente, Leticia Klemens tinha o desejo de se formar em Relações Internacionais ou em Economia, mas quis o destino que se formasse em Ciências Jurídicas, e assim o fez numa universidade moçambicana.
“Na época, escolhi este curso porque já estava muito envolvida na área de Negócios e do Empreendedorismo. Achei que o mesmo me poderia ser bastante útil, sobretudo em matérias relacionadas com a dimensão jurídico-legal dos negócios”, adianta.
Após concluir o seu curso superior, interessou-se pela área laboral e começou a trabalhar em Recursos Humanos. “A paixão, que rapidamente desenvolvi pelo trabalho no ramo laboral, fez-me apostar no aperfeiçoamento dos meus conhecimentos e foi por essa razão que fui buscar mais formação através dos cursos de capacitação. Penso que foi uma boa decisão, pois acredito que a bagagem teórica é sempre um bom complemento, uma mais-valia, para quem já lida com a componente prática”.
Letícia Klemens juntou tudo o que ganhava com o seu trabalho para aprender um pouco mais sobre a dinâmica dos negócios e tornar-se uma melhor profissional, e foi assim que concluiu um MBA em Singapura.
A empreendedora refere que o seu percurso profissional tem sido repleto de desafios que lhe exigem resiliência e auto-superação. “A minha caminhada não tem sido uma linha recta. Ou seja, não se resume àquelas trajectórias típicas de estudar e trabalhar numa determinada área e fim de história. Desde que comecei a trabalhar, fui sempre confrontada com novos desafios e sectores, de forma constante”, diz, acrescentando que viu o seu esforço ser compensado, ainda que as suas expectativas não estivessem concretizadas na totalidade. “Mas estou convicta de que, com o tempo e com trabalho árduo, conseguirei alcançar tudo aquilo que pretendo a nível profissional”.
Os conhecimentos e a experiência que Letícia Klemens vem adquirindo, desde os 17 anos, foram-na colocando numa posição de liderança e incentivando-a a querer fazer sempre mais e melhor. “Acho que a força de vontade é um requisito importante para o sucesso”, sublinha.
Um leque de projectos empresariais
Letícia começou muito cedo a fazer pequenos negócios e considera-se uma empreendedora nata. Em 1997, criou o seu primeiro negócio, e, em 1998, tomou a decisão de o formalizar porque já se sentia preparada e porque também era necessário posicionar-se no mercado de forma legal. Após isso, foram surgindo outras oportunidades que resultaram na criação de novas empresas e, desde então, nunca mais parou. Até hoje, continua a criar novos projectos empresariais.
“A minha actuação empresarial é bastante diversificada, Moçambique é um país com muitas oportunidades para quem gosta de trabalhar seriamente. Neste momento, eu tenho empresas e, em alguns casos, participações em diversos sectores, tais como Agricultura, Gestão de Recursos Humanos, Mineração, Comércio, Imobiliária, Restauração e Hotelaria. E continuo em busca de novos projectos. Se Deus continuar a me dar saúde, pretendo fazer muitas outras coisas”.
Mulher vs. Homem no mercado de trabalho
Letícia aponta que ainda existe muito preconceito e que a mulher é sempre inferiorizada e descredibilizada. “Eu própria já fui vítima desse preconceito e ainda hoje sinto que uma parte significativa da sociedade continua a subestimar a capacidade da mulher. As pessoas olham com muita desconfiança para as empresas cuja liderança está ao cargo de uma mulher. Quase que não se fala do sucesso empresarial das mulheres, os seus feitos não são tão enaltecidos como os dos homens”.
Não obstante, a empresária pensa que esse estado de coisas é uma questão de tempo porque, cada vez mais, a mulher está a conquistar o seu espaço no mundo empresarial. “Actualmente, há muitas empresas criadas e geridas por mulheres, em variados sectores de actividade. Como se costuma dizer, contra factos não há argumentos, então a sociedade vai ter de reconhecer que a mulher tem competência suficiente para fazer grandes coisas”, diz em tom de convicção.
Confrontada sobre se é difícil ser empresária num mundo de homens, Letícia responde: O mercado do trabalho deve começar a valorizar as pessoas pelas suas competências e desempenho, independentemente de ser mulher ou homem. Deve haver mais equidade salarial, se a mulher tiver de facto um bom desempenho, então o seu salário deve traduzir isso. De um modo geral, salvo algumas excepções, não deve haver tarefas para homens e tarefa para mulheres, a atribuição de tarefas deve ser baseada no critério da capacidade, da competência e isso passa pela adopção de políticas que possam ajudar na mudança de mentalidade da sociedade”. De acordo com a empresária, as organizações não podem ter receio em apostar nas mulheres porque está provado que elas são capazes e que apenas precisam de uma oportunidade para se afirmarem no mercado.
Doravante e quanto à sua trajectória, Letícia daqui a 20 anos gostava de ser uma mulher saudável, com estabilidade financeira e um bom legado. “E gostava de poder participar ainda mais nos esforços de construção desta bela pátria. Desejo, igualmente, fortalecer a minha ligação com as mulheres batalhadoras, quer seja através do associativismo, quer através de parcerias”.