2017 um ano assombrado

Embora os indicadores económicos referentes a 2017 sejam encorajadores, nomeadamente a expectativa de o PIB voltar a crescer entre três e quatro porcento.

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Mais um ano terminou e chegou o momento de fazer avaliação do nosso desempenho como país. O que estava no plano, o que foi feito, como foi feito, porque não foi feito, que perspectivas para o próximo ano? Assim vamos vendo os anos passarem, às vezes com assuntos não resolvidos a transitarem dum ano para outro, e nós sem forças para alterar os cenários.

Entre outros factos, 2017 foi marcado pelo XI Congresso do partido Frelimo. Se antes nada se podia fazer porque se estava à espera da realização deste evento, depois também nada se podia porque baralhou as coisas. Era preciso deixar baixar a poeira, fazer uma reengenharia no Governo de forma a garantir, pelo menos, o funcionamento da máquina governativa do Estado.

Embora os indicadores económicos referentes a 2017 sejam encorajadores, nomeadamente a expectativa de o PIB voltar a crescer entre três e quatro porcento, menos do que as expectativas do Plano Económico e Social apresentado pelo Governo, que previu cinco por cento, com a liberalização dos preços dos combustíveis e a sua respectiva subida, a subida dos preços das portagens e de todos os outros produtos de consumo, o povo foi o mais sacrificado, pois essa subida do volume de negócios do país não se refletiu no aumento do poder de compra.

O que aconteceu foi o inverso: a inflação corroeu o poder de compra em cerca de 15 por cento. Foi triste ver o desespero dos governantes com ansiedade de recuperar a confiança dos doadores do Orçamento do Estado e do Fundo Monetário Internacional (FMI), para a cobertura do défice orçamental de cerca de 60 por cento em média anual, mas estes, por sua vez, persistem na mesma tecla da publicação do relatório da Kroll e responsabilização dos autores das dívidas públicas “ocultas”, o que torna o financiamento do FMI e de outros parceiros uma miragem.

Quanto a nós, urge a necessidade de se parar de viver de ilusões e encontrar soluções internas para financiar a despesa pública, com austeridade. Há muito despesismo no aparelho do Estado que pode ser evitado e poupar recursos para pagar despesas essenciais, antes que a situação alcance o nível de insustentabilidade e o povo se recorde do seu direito de se manifestar e exigir o cumprimento do contrato social.

Foi um 2017 marcado pela crise económica, sem alternativas de solução, com subida do custo de vida, forte desvalorização do metical face ao dólar, embora o governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, tenha tentando fazer a sua parte com políticas cambiais e monetárias, ao introduzir uma nova taxa de juro, com efeitos a partir de 15 de Abril, com a qual pretendia reforçar o mecanismo de formação das taxas de juro no mercado como um todo e torná-lo mais transparente e consentâneo com as boas práticas internacionais. Isso não ajudou em nada, pois não serviu para baixar a taxa de juro de crédito de forma signifi cativa e libertar a massa monetária para o mercado através do crédito ao consumo.

Não conseguimos encontrar outro argumento para dar um outro nome ao ano senão classificá- -lo como tendo sido negativo. Com efeito, o desempenho do Governo não foi ao encontro das expectativas do seu povo. Quanto a nós, urge a necessidade de se parar de viver de ilusões e encontrar soluções internas para financiar a despesa pública, com austeridade. Há muito despesismo no aparelho do Estado que pode ser evitado e poupar recursos para pagar despesas essenciais, antes que a situação alcance o nível de insustentabilidade e o povo se recorde do seu direito de se manifestar e exigir o cumprimento do contrato social.

A revista “Negócios” vai continuar a dar sua contribuição apoiando o Governo a comunicar as suas realizações, assim como o povo a exigir do Governo a satisfação das suas aspirações. É nessa perspectiva que nesta edição o pano de fundo é o sector de Transportes e Comunicações, um dos pilares da governação.